Páginas

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A MATANÇA DOS INOCENTES - Mateus, cap 2

A matança dos inocentes pertence, como o episódio da estrela dos Reis Magos, ao evangelho da infância de Mateus. Os Magos haviam perguntado pelo rei dos judeus (Mt 2, 1) e Herodes – que ocupava o posto de rei dos judeus à época – inventa um estratagema para averiguar quem poderia ser aquele que considerava um potencial usurpador, pedindo aos Magos que o informassem ao seu regresso. Quando sabe que voltaram por outro caminho, “ficou muito irado e mandou massacrar, em Belém e nos seus arredores, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado aos Magos” (Mt 2,16).

A passagem evoca outros episódios do Antigo Testamento: também o Faraó havia mandado matar todos os recém nascidos dos hebreus, como conta o livro do Êxodo, mas salvou-se Moisés, que depois libertou o povo (Ex 1,8 – 2,10).

Mateus também diz na passagem que, com o martírio dessas crianças, cumpriu-se um oráculo de Jeremias (Jr 31,15): o povo de Israel foi para o desterro, mas dali o tirou o Senhor que, em um novo êxodo, o levou à terra prometendo-lhe uma nova aliança (Jr 31,31). Portanto, o sentido da passagem parece claro: por muito que se empenhem os fortes da terra, não podem opor-se aos planos de Deus para salvar os homens.

Encontramos interessante trecho no livro" Chico Xavier pede Licença - um aparte do além nos diálogos da Terra" (p.141 - cap 31), onde J. Herculano Pires, sob o pseudônimo de Irmão Saulo, comenta esse trecho:

"Conta-nos o evangelista Mateus o episódio da matança dos inocentes em Belém, por ordem de Herodes, com o fim de aniquilar o mais glorioso destino que já se desenrolou na Terra. Foi uma tentativa de aborto após nascimento, pois, não tendo podido ordenar o aborto fisiológico, Herodes tentou o aborto histórico do destino do Cristo. Os inocentes sacrificados em Belém dão-nos a imagem brutal das consequências de cada crime dessa espécie para a humanidade. Centenas de destinos que se ligavam ao do nascituro são afetados pelas mãos assassinas que o imolam.
Não faltaram nesse episódio evangélico os traços marcantes de cada crime de aborto praticado na Terra. Uma luz no céu anuncia o nascimento de Jesus. Os Reis Magos a seguem jubilosos através do deserto para verem a criança esperada, e levam a notícia a Herodes que devia também alegrar-se com ela. Um anjo avisa José e o manda fugir com Maria e a criança para o Egito.
Herodes finge alegrar-se, mas ordena a matança. Cada nascimento na Terra é precedido sempre de uma luz no céu (que é o desígnio espiritual determinando a ocorrência), do júbilo dos que o aguardam – mesmo à distância, no deserto das provas e expiações do destino –, da notícia levada aos que devem alegrar-se com ela e da presença do anjo que vela pelo inocente.
Mas, quando o crime do aborto é tentado ou se consuma, seus antecedentes são sempre os do fingimento e da astúcia, originados pelo egoísmo e o comodismo de Herodes. O anjo nunca deixa de avisar os pais, tocando-lhes a consciência e o coração, ordenando- lhes a fuga, em defesa da criança, para longe das mãos assassinas que se aprestam para sacrificá-la. Alguns estudiosos do Evangelho desprezam essa alegoria de Mateus. Mas o ensino espiritual que ela encerra bastaria para mostrar às consciências cristãs e espirituais do mundo – independente da veracidade histórica do episódio – que as advertências divinas nunca faltam na Terra aos que se deixam fascinar pelo canto da sereia das conveniências materiais.
"

Nenhum comentário:

Postar um comentário